A decisão fundamental sobre os direitos das terras indígenas no Brasil enfrenta outro atraso | Amazon Watch
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A principal decisão sobre os direitos das terras indígenas no Brasil enfrenta outro atraso

Atraso prolonga riscos para o clima e vidas indígenas

8 de junho de 2023 | Para divulgação imediata


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Em 7 de junho de 2023, o ministro da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, lançou um voto decisivo contra a Prazo ou tese legal de “limite de tempo”. Avançada pelos interesses do agronegócio do país, a tese cercearia os direitos dos povos indígenas às terras que ocupavam ou reivindicavam antes de 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição brasileira. Enquanto a decisão do Tribunal se inclinava contra a tese, o processo foi paralisado quando o Ministro André Mendonça pediu mais tempo para análise do processo, manobra legal conhecida no Brasil como “pedido de vista” (pedir para ver). De acordo com as regras do Tribunal, Mendonça agora tem 90 dias para retornar o caso para julgamento, dando tempo suficiente para o Senado do Brasil votar a legislação pendente conhecida como Projeto de Lei 2903/2023 (antigo Projeto de Lei 490/2023) que iria adiantar o Prazo e minar profundamente o direito indígena à terra. 

Contrariando a posição tradicional sobre o Prazo argumento, o voto do ministro Moraes propôs uma abordagem alternativa. Ele sugeriu que o governo federal indenize os proprietários de terras situados em áreas tradicionalmente ocupadas por povos indígenas, mas apenas se não houver evidências de usurpação de terras, conflitos físicos ou disputas legais na data em que a constituição foi legalmente promulgada. O posterior adiamento do processo da Corte reforçou a ambigüidade jurídica em torno da posse de terras indígenas, com consequências potencialmente graves para a Amazônia e a estabilidade climática global. 

Mauricio Terena, Coordenador Jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, disse: “O ministro Alexandre de Moraes apresentou um voto de meio termo, indicando sua intenção de conciliar os interesses dos povos indígenas com os dos proprietários de terras cujas terras se sobrepõem a terras tradicionalmente indígenas. O aspecto mais alarmante dessa votação altamente problemática é a sugestão de compensação preliminar, o que implica que as pessoas poderiam pagar pelo território e passar a habitá-lo, potencialmente gerando ainda mais insegurança jurídica. Os direitos indígenas não podem ser comprometidos, não há meio termo para nós indígenas. A única solução aceitável para nós é a demarcação de nossos territórios”.

Ana Carolina Alfinito, Amazon Watch Assessor Jurídico, disse: “O ministro Moraes declarou de forma importante a inconstitucionalidade do Marco Temporal, e o fez com base no fato de que negaria justiça e reparação a milhares de povos indígenas em todo o Brasil que foram vítimas de violência institucional e remoções forçadas. No entanto, o diabo está nos detalhes, e seu voto abriu a possibilidade de dois precedentes relativos. Uma delas é a ideia de que deve haver uma indenização integral e prévia aos proprietários que ocupam terras indígenas de 'boa fé' e com os devidos títulos legais. O fato de que a compensação precisaria ocorrer antes que a posse territorial fosse entregue às comunidades indígenas poderia causar atrasos significativos. O segundo é o argumento de que, nos casos em que a demarcação de terras indígenas seja contrária ao 'interesse público', o governo brasileiro poderia propor que a comunidade indígena seja compensada com 'terras equivalentes'. Como os termos 'interesse público' e 'terras equivalentes' podem ser interpretados é extremamente preocupante e pode levar a novas violações de direitos.”  

Coincidindo com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o Congresso brasileiro está tentando legislar o Prazo tese. A Câmara dos Deputados desafiou recentemente mandato constitucional da Suprema Corte, colocando o Prazo à votação do Projeto de Lei 490/2007, apesar de o Congresso não ter competência para restringir direitos constitucionais. A legislação já foi enviada ao Senado para análise como Projeto de Lei 2903/2023. Se aprovada, seria um golpe mortal para os povos indígenas e suas terras ancestrais, estabelecendo jurisprudência para centenas de processos de demarcação de terras sob o pretexto de que apenas os povos indígenas que ocuparam suas terras em outubro de 1988 teriam direito a elas, entre outras questões também extremamente medidas nocivas, como abrir terras indígenas para mineração e outras atividades industriais e permitir o contato com povos indígenas em isolamento voluntário. “A decisão definitiva do STF negando a Prazo A tese é a única forma de contrariar as movimentações do Congresso brasileiro voltado para o agronegócio e garantir a inconstitucionalidade dessas propostas de legislação”, disse Christian Poirier, Amazon Watch Diretor de programa.

No 2021, quando o Prazo Quando a tese foi julgada pela primeira vez no Supremo Tribunal Federal, milhares de indígenas de todo o Brasil viajaram a Brasília para lutar por seus direitos e testemunhar uma decisão que pode alterar seu futuro, e o futuro da floresta amazônica, onde 98% da população do país As terras indígenas estão localizadas. Outro acampamento foi organizado para protestar e seguir a decisão da Suprema Corte. “Vamos voltar para casa sem uma resposta. Eles já solicitaram uma prorrogação antes, para ter tempo para uma análise mais aprofundada. E agora eles dizem que precisam de mais tempo. E vamos voltar para casa sem resposta, de novo”, disse Mauricio Terena a uma multidão de indígenas acampados em Brasília, participando de mais uma mobilização em defesa de seus direitos.

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