APIB consegue pressionar o presidente Lula para rejeitar projeto de lei de mineração “anti-indígena” | Amazon Watch
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Articulação dos Povos Indígenas do Brasil consegue pressionar o presidente Lula da Silva a rejeitar projeto de mineração “anti-indígena”

Considerado inconstitucional, se aprovado projeto de Bolsonaro poderia permitir que projetos de alto impacto avançassem sem consulta às comunidades indígenas, agora depende de votação no Congresso Nacional

18 de maio de 2023 | Camila Rossi | Atualização da campanha

Em resposta às crescentes ameaças às terras indígenas, Amazon Watch e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) lançaram em conjunto o Cumplicidade na Destruição IV relatório em fevereiro de 2022. O relatório visa combater o Projeto de Lei 191/2020 e quaisquer tentativas de prejudicar os direitos dos povos indígenas às suas terras e autodeterminação, destacando as atividades de mineradoras como Vale, Anglo American, Belo Sun, Potássio do Brasil , Mineração Taboca/Mamoré Mineração e Metalurgia (ambas empresas do Grupo Minsur), Glencore, AngloGold Ashanti e Rio Tinto. Trabalhando com a APIB, o objetivo era expor essas empresas e pressioná-las a assumir compromissos tangíveis para proteger os territórios indígenas.

No dia 13 de fevereiro, a APIB apresentou petição ao Ministério dos Povos Indígenas, solicitando a retirada e arquivamento do Projeto de Lei (PL) 191/2020 de pauta. O projeto de lei, que visa regulamentar a exploração mineral em terras indígenas, tramitava na Câmara dos Deputados. A coordenadora-executiva da APIB, Dinamam Tuxá, cita a tragédia do povo Yanomami como prova dos possíveis danos que o PL 191/2020 pode causar.

Em 31 de março, o presidente do Brasil, Lula da Silva, instou o Congresso a retirar o projeto da agenda. Proposto inicialmente pelo ex-presidente Bolsonaro em 2020, o projeto simboliza a política antiindígena de seu governo. Lideranças e organizações indígenas em todo o país denunciaram a iniciativa desde o início do processo, e nós da Amazon Watch repetidamente sublinharam a sua inconstitucionalidade.

O pedido de retirada coincide com uma emergência de saúde na Terra Indígena Yanomami, onde o garimpo ilegal desencadeou uma crise humanitária. A mineração tem impactado comunidades historicamente, por exemplo, a era da ditadura militar brasileira viu grandes projetos de mineração, muitas vezes acompanhados de genocídio contra os povos indígenas.

“Esperamos que o Congresso Nacional cumpra seu dever de legislar pelo equilíbrio ambiental, pelo bem-estar social dos brasileiros e pelo respeito aos modos de vida dos povos indígenas. Esperamos que o Congresso respeite o pedido do presidente Lula”, afirmou a Ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara.

A APIB afirma que o projeto de lei infringe o direito constitucional dos povos indígenas ao uso exclusivo de suas terras. Juristas e o Ministério Público Federal (MPF) também identificaram a inconstitucionalidade do projeto.

O PL 191/2020 serve como carta branca para outros projetos de grande escala em terras indígenas além da exploração mineral. Ele aumentaria significativamente os riscos à vida, ao meio ambiente, à saúde e à violência contra os povos indígenas, se aprovado.

O projeto de lei pode levar à construção de usinas hidrelétricas e pesquisas de mineração em terras indígenas não homologadas ou não reconhecidas pelo governo sem consulta prévia aos habitantes indígenas – uma violação da constituição do Brasil e de compromissos internacionais, como a Convenção 169 da OIT.

O PL 191/2020 foi prioridade do governo Bolsonaro no legislativo. Em meio ao conflito na Ucrânia e o consequente declínio no fornecimento de fertilizantes agrícolas da Rússia, a pressão pela aprovação do projeto aumentou. O lobby do agronegócio, ruralistas, via a abertura de novas mineradoras como forma de garantir a produção nacional de insumos vitais para o agronegócio.
Em parceria com essas organizações, as persistentes campanhas de pressão levaram a um grande avanço quando a mineradora britânica Anglo American finalmente atendeu às demandas dos povos indígenas e assumiu Ação decisiva. Eles retiraram 27 autorizações de pesquisa de mineração destinadas a invadir terras indígenas no Brasil, incluindo o território Munduruku de Sawré Muybu.

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