Bolsonaro tentando forçar projeto de lei de mineração sob falsos pretextos; Empresa de mineração canadense terá lucro. | Amazon Watch
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Amazon Watch Declaração: Bolsonaro tentando forçar projeto de lei de mineração sob falsos pretextos; Empresa de mineração canadense terá lucro

9 de março de 2022 | Demonstração


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O presidente do Brasil, Bolsonaro, está usando uma possível escassez de fertilizantes causada pela guerra da Rússia na Ucrânia para justificar sua tentativa de forçar uma legislação contenciosa no Congresso, por forçar uma votação ainda hoje para agendar a votação final do Projeto de Lei 191/2020. Essa legislação abriria as terras indígenas para mineração e outras atividades industriais. Embora a mineração seja ilegal em territórios indígenas (dos quais 98% estão na Amazônia), Bolsonaro e seus aliados afirmam que essas terras devem ser abertas à extração mineral para alimentar o poderoso setor de agronegócio do Brasil e diminuir a dependência do país das importações de fertilizantes. O movimento legislativo abrangente é ferozmente contestado pelo movimento indígena do Brasil e contestado por 86% do público brasileiro. Representante indígena Joenia Wapichana advertido que o Projeto de Lei 191/2020 poderia ser encaminhado para votação de agendamento urgente hoje, quarta-feira, 9 de março de 2022, sem debate público.

Enquanto Bolsonaro alega que a escassez de fertilizantes justifica o esforço agressivo de seu governo para promover a produção doméstica, duas fábricas brasileiras de fertilizantes foram vendidas pelo governo durante sua presidência, incluindo uma venda para uma empresa russa. O potássio é um ingrediente crítico em muitos fertilizantes, e o Brasil possui vários depósitos importantes na Amazônia e em outras regiões. No entanto, a maioria das principais minas de potássio da Amazônia estão localizadas fora das terras indígenas, e estudos mostram que toda a demanda brasileira por potássio poderia ser satisfeita por reservas localizadas principalmente fora da Amazônia, completamente fora das terras indígenas. Um terço das reservas brasileiras de potássio estão na Amazônia legal, enquanto os outros dois terços estão concentrados nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais. Apenas 11% das reservas de potássio estão localizadas em terras indígenas.

Rosana Miranda, Conselheira de Campanha no Brasil para Amazon Watch, emitiu a seguinte declaração:

“Se o Brasil espera alcançar a autossuficiência na produção de fertilizantes, não precisa garimpar terras indígenas e outras áreas protegidas para isso. Além disso, mesmo que a mineração em terras indígenas fosse permitida, viabilizar tal extração envolveria um processo demorado, realidade que não corresponde à suposta urgência a que Bolsonaro alude. Todos os projetos exigiriam licenciamento, uma consulta completa das comunidades afetadas e injeções maciças de investimento em prospecção e construção de infraestrutura antes de iniciar a extração.”

Antecedentes: o apoio de Bolsonaro aos interesses de mineração canadenses

A aprovação do Projeto de Lei 191 e a posterior aprovação de atividades industriais em terras indígenas podem levar à perda de até 160,000 km² de florestas, área maior que a da Inglaterra. À medida que o desmatamento disparou durante o governo Bolsonaro, com o grande desmatamento relacionado à mineração crescendo 62% entre 2018 e 2021, as terras indígenas serviram como zonas-tampão importantes contra a destruição da floresta. 

O governo Bolsonaro também fazendo lobby para os interesses da bancada do agronegócio brasileiro e de uma empresa de mineração em particular: a canadense Potássio do Brasil. A empresa é uma das cinco corporações descritas em um relatório publicado recentemente pela Amazon Watch e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) intitulada Cumplicidade na Destruição IV: Como mineradoras e investidores internacionais promovem violações de direitos indígenas e ameaçam o futuro da Amazônia. A empresa tem um histórico de destruição ambiental e violações de direitos humanos e um interesse de longa data na mineração em territórios indígenas. 

O “Projeto Potássio Autazes”, da Potássio do Brasil, previsto para ser construído no município de Autazes, no Amazonas, demandará investimentos da ordem de US$ 2.3 bilhões, com a meta de extrair 770 milhões de toneladas de potássio. Esse plano está diretamente relacionado ao estreito relacionamento da empresa com os interesses do agronegócio brasileiro.

Os direitos indígenas podem ser violados antes mesmo do início das operações da empresa. No caso de Potássio do Brasil, suas ações já aumentaram a pressão e o conflito nas comunidades próximas ao Projeto Potássio Autazes. A empresa não respeitou o direito à consulta das comunidades indígenas, principalmente a do povo Mura. Uma vez iniciadas, as atividades do Potássio impactariam áreas das Terras Indígenas Jauary e Paracuhuba. Mais de 14,000 indígenas podem ser afetados pelo projeto, que corre o risco de contaminar as fontes de água que as comunidades precisam para sobreviver. Em novembro de 2020, sem o conhecimento das autoridades brasileiras e antes da finalização do processo legal para instalação do projeto, a Potássio do Brasil assinou um acordo com a construtora chinesa CITIC construir um complexo mineral em Autazes. O contrato de US$ 1.94 bilhão foi assinado sem qualquer consulta às comunidades afetadas. Era revelado recentemente que em novembro de 2019, executivos do banco canadense Forbes & Manhattan, controlador das operações Potássio do Brasil e Belo Sun, se reuniram com o vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão para discutir seus projetos no país. Desde então, as atividades da Potássio do Brasil avançaram, consideradas “estratégicas” para o Brasil no governo Bolsonaro.

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