Após 35 dias de protestos e 11 dias de ocupação, os povos indígenas e grupos tradicionais que ocupam o canteiro de Belo Monte partiram de cabeça erguida. Na noite passada, um acordo foi assinado entre os manifestantes e Norte Energia, na presença de agências governamentais. E, embora as promessas fossem apenas promessas, as pessoas se sentiam confiantes. A maioria deles foi ouvida pela primeira vez; e esse fato por si só já era um sinal de vitória.
Ainda assim, não consigo parar de me perguntar por que essas pessoas tiveram que viver em condições subumanas - privadas até de água potável por mais de 30 dias - para serem ouvidas? Mais um sinal para adicionar à longa lista de como as coisas são complicadas em torno da construção da barragem de Belo Monte.
Lutando contra uma sensação avassaladora de fracasso e tristeza enquanto assistia ao final de A ocupação, Percebi que não tenho o direito de negar o senso geral de realização dos manifestantes. De fato, foi uma vitória para aqueles que resistiram juntos por tanto tempo.
Não podemos esquecer que tudo começou com 13 pescadores acampando em uma ilha e evoluiu para quase 200 pessoas entre membros da comunidade que dependem do rio, pequenos agricultores, pilotos de barco, líderes indígenas e pescadores. Esses 13 bravos guerreiros conseguiram construir uma comunidade bonita e organizada. Uma equipe de três mulheres cozinhava dia e noite para todos. As histórias compartilhadas sob o sol deslumbrante e tempestades loucas; as risadas; lágrimas; até as brigas entre as pessoas eram um sinal de que estávamos nos tornando uma grande família. Nenhuma represa poderia tirar isso de nós.
Lembramos que os manifestantes estavam todos ali para denunciar a violação de seus direitos e das pré-condições do governo que nunca foram atendidas pela empresa. Esse fato em si nunca pode ser visto como um bom sinal, porque as pessoas nunca deveriam ter que negociar para garantir seus direitos. Pensando nisso, sabemos que a batalha não acabou e o sonho de parar a barragem de Belo Monte continua.
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