Supremo Tribunal Federal rejeita o Marco Temporal, mas a luta pelos direitos às terras indígenas continua | Amazon Watch
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Supremo Tribunal Federal rejeita o Marco Temporal, mas a luta pelos direitos às terras indígenas continua

22 de setembro de 2023 | Para divulgação imediata


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Os povos indígenas do Brasil enfrentaram o momento mais crucial na batalha pelos direitos territoriais desde a Constituição de 1988. Ao longo dos quase 35 anos desde a sua promulgação, inúmeros esforços legislativos no Congresso Nacional, impulsionados principalmente pelo lobby do agronegócio, visaram remodelar e reduzir esses direitos indígenas.

Ontem, 21 de setembro de 2023, foi um dia histórico que marca o capítulo final de um significativo julgamento que buscou reafirmar o que a Constituição Brasileira de 1988 já havia estabelecido: Os povos indígenas têm direitos inerentes às suas terras, direitos que precedem o seu reconhecimento na data . Por uma votação de 9 a 2, o Supremo Tribunal Federal do Brasil declarou a Prazo inconstitucional. Esta tese afirmava que apenas as terras ocupadas pelos povos indígenas na época da promulgação da Constituição de 1988 poderiam ser demarcadas, o que significa que apenas as comunidades presentes nessas áreas naquela data poderiam reivindicar as terras. 

Esta perspectiva ignorou claramente o facto de numerosas comunidades indígenas terem sido injustamente despejadas e perseguidas antes de 1988 e, por causa disso, não terem podido permanecer nas suas terras.

Direto de Brasília, Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), estabelecido: “Nós derrotamos o Prazo, e vencemos esta batalha! É um momento de alegria para todos os povos indígenas. No entanto, permaneceremos vigilantes contra outras ameaças em curso no Congresso. Ainda existe uma forte possibilidade de que o lobby do agronegócio reaja em resposta à decisão do Supremo Tribunal. Ficaremos alertas para garantir que não haja retrocesso em nossos direitos.”

“Depois de muitos anos de lutas, mobilizações e ansiedades, esse resultado dita o futuro das demarcações de terras indígenas no Brasil. De fato celebraremos a força dos povos indígenas do Brasil”, dito Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas, que está atualmente em Nova York, participando da Semana do Clima. 

Em seu depoimento, a Ministra Cármen Lúcia expressou que o Prazo tese contradiz os direitos fundamentais e põe em perigo a integridade e a identidade dos povos e comunidades indígenas. "O Prazo não é um critério definidor para o reconhecimento de terras tradicionalmente ocupadas”, disse ela.

“Além de representar uma batalha central pelos direitos fundamentais indígenas, o julgamento do Marco Temporal foi a disputa climática mais importante dos nossos tempos. Há anos, essa tese inconstitucional dificulta a proteção das terras indígenas, contribuindo para a violência contra os defensores indígenas, para a degradação dos ecossistemas, para o desmatamento e para as emissões de gases de efeito estufa. Esta vitória é uma demonstração clara de que o movimento indígena está pronto para defender não só os seus direitos territoriais, mas também a integridade da constituição brasileira e do equilíbrio climático global”, disse Ana Carolina Alfinito, Amazon Watch Assessor Jurídico.

Embora os juízes formassem maioria contra a Prazo tese, eles tinham opiniões divergentes sobre outras questões importantes levantadas durante o julgamento. O voto do ministro Toffoli levantou preocupação entre os povos indígenas e defensores dos direitos humanos. Embora Toffoli não reconhecesse a Prazo, abriu um debate complexo e inquietante em torno da mineração nos territórios indígenas, buscando estabelecer um regime regulatório para essas atividades. Este tópico não fez parte do julgamento. De acordo com a Constituição Federal Brasileira, toda mineração em terras indígenas é proibida até que o Congresso Nacional promulgue regulamentação específica sobre o tema.

Esses debates continuarão nas sessões da próxima semana, quando a Suprema Corte estabelecerá sua decisão final sobre as questões relativas aos direitos às terras indígenas que foram levantadas durante o julgamento.

A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade do Prazo deveria, idealmente, interromper a revisão do Senado sobre Bill 2903. Caso o Senado prossiga e potencialmente aprove este projeto de lei tal como apresentado atualmente, ele iria inegavelmente entrar em conflito com a decisão do Supremo Tribunal e, portanto, mereceria contestação legal. Seria imperativo abrir um processo destacando a sua inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal, o que provavelmente levaria à anulação do projecto de lei.

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