Relatório revela violações chocantes de direitos por parte de empresas canadenses na América Latina | Amazon Watch
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Relatório revela violações chocantes de direitos por parte de empresas canadenses na América Latina

31 de agosto de 2023 | Para divulgação imediata


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A relatório inovador intitulado "Desmascarando o Canadá: violações de direitos em toda a América Latina” foi revelado na pré-sessão do Processo de Revisão Periódica Universal (UPR) das Nações Unidas em Genebra, de 28 de agosto a 1º de setembro de 2023. Esta investigação aprofundada destaca extensas violações de direitos humanos e ambientais por empresas canadenses na América Latina e no Caribe.

Compilado através da colaboração de mais de 50 organizações da sociedade civil, o relatório envolve 37 projetos canadianos em nove países da região. Destes, 32 projetos foram considerados responsáveis ​​por violações de direitos ambientais, incluindo 105 derrames de petróleo no Bloco 192 do Peru, diretamente ligado à Frontera Energy. Além disso, o direito ao consentimento livre, prévio e informado foi violado em 26 projetos, exemplificado por práticas duvidosas no projeto Warintza do Equador, gerenciado pela Solaris Resources Inc. Os confrontos violentos ligados a 16 projetos também são destacados, com um incidente notável no Peru em julho. 2023, onde 20 pessoas ficaram feridas.

Embora o Canadá se posicione como “avançado para o clima”, este relatório desafia tal retrato, enfatizando a protecção do Canadá às indústrias extractivas que são responsáveis ​​por danos significativos aos direitos humanos e ao ambiente. Em resposta a estas conclusões e antecipando a UPR do Canadá em 10 de novembro de 2023, o relatório defende que os estados membros da ONU imponham resoluções juridicamente vinculativas ao Canadá, obrigando a nação a abordar a má conduta corporativa no exterior.

Mauricio Terena, Coordenador Jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), disse: “Viemos aqui denunciar o envolvimento de empresas canadenses em violações de direitos humanos no Brasil, particularmente o caso da mineradora Belo Sun, no Pará, que visa estabelecer a maior mina de ouro a céu aberto do país. Embora o Canadá se apresente como um defensor dos direitos humanos e do meio ambiente, suas ações contradizem essa narrativa, especialmente quando infringem os direitos dos povos indígenas no Brasil. A discrepância torna-se evidente quando percebemos que o Canadá não assinou a Convenção 169 da OIT. Portanto, esperamos que os estados com os quais dialogamos reconheçam esta realidade e instem o Canadá a reavaliar as operações de suas corporações, buscando ações tangíveis em defesa de povos indígenas e comunidades tradicionais”

Abordando a função da RPU, onde a cada quatro anos os estados membros da ONU revisam os registros de direitos humanos uns dos outros, representantes da sociedade civil latino-americana apresentaram novas recomendações para o Canadá. Estas recomendações sublinham a necessidade de o Canadá introduzir legislação vinculativa e abrangente centrada na devida diligência e na responsabilidade corporativa. Isto abrange a supervisão das instituições financeiras e das empresas canadianas ao longo das suas cadeias de abastecimento globais, com o objetivo de prevenir, mitigar e penalizar os delitos empresariais, garantindo ao mesmo tempo que as vítimas de tais práticas no estrangeiro possam procurar justiça e reparação total.

“Esperamos que o processo da RPU (Revisão Periódica Universal) se estabeleça como mais uma estratégia em nossa defesa dos direitos dos povos indígenas, servindo como uma ferramenta para a proteção dos direitos humanos, indígenas e ambientais. É essencial reconhecer que as empresas envolvidas em tais violações estão a cometer actos criminosos. Estas ações não devem ser vistas apenas como incidentes isolados, mas sim numa escala mais ampla, uma vez que a violação dos direitos indígenas tem impacto em toda a humanidade. Assim, para além das leis nacionais e internacionais, estas transgressões devem ser vistas numa perspectiva mais abrangente. É crucial que os Estados se comprometam, no âmbito da ONU, a aderir a um mecanismo global onde reconheçam a necessidade de monitorizar e responsabilizar-se mutuamente por ações que defendam os direitos humanos, indígenas e ambientais”, afirmou. Maria Judite “Kari” Guajajara, Assessora Jurídica da Organização Nacional Indígena da Amazônia Brasileira (COIAB).

Este não é o primeiro caso em que o Canadá enfrenta acusações dentro do Sistema Universal das Nações Unidas devido às atividades das suas empresas no estrangeiro. Seis recomendações foram dirigidas ao Canadá durante o 3º ciclo da Revisão Periódica. Estas abordaram, entre outras preocupações, a garantia vital e a protecção dos direitos humanos por parte das empresas canadianas. No entanto, mesmo depois de se comprometer a cumprir estas recomendações, o Canadá falhou consistentemente no cumprimento das suas obrigações extraterritoriais, negligenciando a tomada de medidas eficazes para supervisionar as atividades empresariais a nível nacional e internacional.

Gisela Hurtado, Gerente de Advocacia da Amazon Watch, comentou: “Nosso relatório revela a realidade perturbadora por trás dos esforços corporativos do Canadá na América Latina. Embora o Canadá se orgulhe de uma conduta empresarial ética, as evidências documentadas revelam um quadro totalmente contrastante – onde o lucro é priorizado em detrimento das pessoas e do ambiente. Uma mudança urgente é fundamental.”

A apresentação do relatório em Genebra foi liderada por uma delegação composta por Mauricio Terena da APIB; Maria Judite “Kari” Guajajara da COIAB; Josefa de Oliveira, Educadora Popular do Movimento Xingu Vivo Para Sempre; Lorena Aranha Curuaia, vice-presidente da Comunidade Iawá; ; e Brayan Mojanajinsoy Pasos, Secretário Geral da Associação de Conselhos Indígenas do Município de Villagarzón Putumayo (ACIMVIP). A delegação foi ainda apoiada por representantes de organizações, incluindo Amazon Watch, AIDA (Regional), Earthworks (EUA), Gaia (Colômbia) e Ambiente y Sociedad (Colômbia).

Breve resumo envolvendo empresas canadenses envolvidas em violações de direitos destacadas no relatório

1. Frontera Energy no Lote 192 no Peru:

  • Mais de 2,000 locais contaminados, afetando 26 comunidades indígenas amazônicas. 
  • O plano de encerramento da actividade proposto não inclui reparações para as comunidades afectadas.

2. Mineradora Argentina Gold SRL (joint venture entre Barrick Gold e Shandong Gold):

  • Responsável por pelo menos cinco vazamentos de substâncias tóxicas, incluindo cianeto e arsênico, da mina Veladero para o rio Jáchal, na Argentina.
  • O projeto viola a Lei das Geleiras devido à sua localização em uma zona glacial e afeta o patrimônio de biodiversidade reconhecido pela UNESCO, a Reserva San Guilhermo.

3. Projeto Volta Grande da Belo Sun no Brasil:

  • Impactos cumulativos com a hidrelétrica de Belo Monte, localizada a menos de 10 km do local de mineração prospectado;
  • Forças armadas de segurança contratadas pela empresa mineira canadiana para monitorizar os líderes locais e dificultar a sua liberdade de circulação;
  • Total desrespeito ao Consentimento Livre, Prévio e Informado das comunidades indígenas e ribeirinhas;
  • Riscos iminentes e irreversíveis de uma tragédia ambiental caso resíduos tóxicos sejam derramados no Rio Xingu devido a um potencial rompimento de barragem, dada a falta de estudos de segurança sistêmica e de barragens de rejeitos.
  • Impacto direto nas comunidades, nos seus meios de subsistência tradicionais e nos ecossistemas locais.

4. A Mina Varadero no Chile:

  • Fontes de água contaminadas com mercúrio, impactando populações rurais e crianças.

5. ISAGEN – Barragem Hidrosogamoso da Brookfield Asset Management na Colômbia:

  • Danos significativos aos ecossistemas e comunidades locais.

6. Projetos de mineração da American Lithium (Falchani, Macusani e Quelccaya) no Peru:

  • Liberam regularmente resíduos tóxicos, afetando mais de 700,000 mil pessoas e contaminando as bacias do Lago Titicaca e do Rio Amazonas.

7. Projeto de mineração Warintza da Solaris Resources Inc. no Equador:

  • Ignorou os direitos territoriais do povo indígena Shuar Arutam e adotou táticas divisionistas.

8. Projeto de mineração de Ixtaca no México:

  • Suspenso devido a violações dos direitos indígenas.

9. Projeto de mineração El Pato II na Guatemala:

  • Afetou as comunidades maias e mestiças de Poqomam sem a devida consulta prévia.

10. Projeto de mineração Mocoa da Libero Copper na Colômbia:

  • Prejudicou diretamente o território ancestral do povo Inga, violando seus direitos.

11. Projeto de extração de ouro Machado da Cosigo Resources LTD na Colômbia:

  • Sítios indígenas sagrados severamente impactados no território Yaigojé Apaporis.

12. Mina Pueblo Viejo da Barrick Gold na República Dominicana:

  • Forçou o deslocamento de 65 famílias locais devido à barragem de resíduos El Llagal. 

13. Projetos de mineração de La Plata pela Atico Mining Corporation e Las Naves pela Curimining SA (uma subsidiária da Adventus Mining Corporation) e **Salazar Resources Limited no Equador:

  • Tentaram legalizar as suas operações apesar de violarem as leis nacionais e internacionais de direitos humanos, o que levou a confrontos e ferimentos.

14. Lote 95 da Petrotal no Peru:

  • Os protestos exigindo direitos da comunidade resultaram em várias mortes pelas forças policiais que guardavam o campo petrolífero.

15. Equinox Gold no Brasil:

  • Dados ocultos sobre suas operações e impactos, incluindo rompimento de barragem.
  • 4,000 pessoas diretamente afetadas por resíduos tóxicos resultaram do rompimento da barragem que contaminou rios locais da Amazônia, violando o direito a um ambiente limpo e ao acesso adequado à água potável.
  • Criminalização de líderes comunitários locais que protestaram pelo direito à água.

16. Gran Tierra Energy no Equador:

  • Realizou explorações sem a devida divulgação de informações nos blocos Charapa, Chanangué e Iguana.

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