A mineração canadense de Belo Sun ainda ameaça a Amazônia brasileira | Amazon Watch
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Mineração Belo Sun do Canadá ainda está ameaçando a Amazônia brasileira

20 de julho de 2023 | Gabriela Sarmet | Atualização da campanha

Crédito: Cícero Pedrosa Neto / Amazon Watch

A mineradora canadense Belo Sun continua a ameaçar a vida na Volta Grande do Xingu, e nossa campanha para interromper a proposta de maior mina de ouro a céu aberto do Brasil no coração da floresta amazônica está em pleno andamento. Nos últimos meses, nossa equipe tem falado ao mundo sobre a realidade dos impactos negativos desse desastroso projeto de mineração no território afetado e nas pessoas que lá vivem, para contrariar a falsa narrativa de Belo Sun. 

Em março deste ano, participamos de um seminário organizado pelo Ministério Público em Brasília, intitulado “O Futuro da Volta Grande do Xingu”. Durante o evento, lideranças locais, incluindo lideranças ribeirinhas, pescadores e representantes indígenas, compartilharam suas perspectivas com especialistas, destacando os impactos existentes da hidrelétrica de Belo Monte e enfatizando o descumprimento das condições pactuadas para sua construção.

Paulo Teixeira (esquerda) Ministro do Desenvolvimento Agrário e Elielson Silva (direita) Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Em abril, participamos do Acampamento Terra Livre 2023, maior encontro de ativistas indígenas do Brasil, onde lançamos a versão em português do relatório Os riscos de investir na Belo Sun. Recebemos um feedback muito positivo das associações indígenas e organizações aliadas da sociedade civil presentes, que demonstraram grande interesse em nosso relatório. Nossa Diretora do Programa Brasil, Ana Paula Vargas, apresentou o relatório em um painel ao lado do Comitê Executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI).

Também nos reunimos novamente com a FUNAI para entender melhor como as experiências de “não-aldeados” (Indígenas sem terras demarcadas) estão sendo considerados no processo de licenciamento de Belo Sun, e continuamos essa conversa apoiando este grupo de indígenas no envio de um pedido oficial ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e à FUNAI, instando-os a realizar um levantamento das famílias indígenas na Volta Grande, um processo há muito aguardado e pendente desde 2009. 

Hoje, comunidades próximas à mina de ouro planejada ainda carecem de informações sobre o projeto e enfrentam vigilância intensificada por parte da mineradora. A Belo Sun também aumentou as contratações e aumentou a migração para uma região onde os serviços sociais não atendem mais adequadamente às necessidades da população local.

Exigindo ações concretas

Inicialmente, a posição do novo governo federal de Lula, especialmente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), foi positiva, e o atual governo se comprometeu a rever ambos os atos administrativos para garantir que o INCRA cumpra seu mandato constitucional de alocar terras para reforma agrária e não para mineração.

Porém, após quatro meses de intensas reuniões e insistentes apelos por uma postura firme e pública, nós, juntamente com as demais organizações que compõem a Aliança Volta Grande do Xingu, emitimos uma carta aberta de retorno ao governo exigindo ações concretas que cumpram as promessas feito ao longo destes meses. 

Em resposta, estamos intensificando nossos esforços de advocacy nacional junto ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil, o MDA e a FUNAI. Nos mobilizamos intensamente em torno de uma questão em particular: a dos assentamentos agrários ocupados na região serem entregues à iniciativa privada, por meio de um acordo ilegal entre o INCRA e a Belo Sun, firmado durante o governo Bolsonaro, bem como uma polêmica lei federal conhecida como IN112. Participamos de reuniões com representantes do Movimento Xingu Vivo, nosso principal parceiro local na região, com o objetivo de anular ambas as ações administrativas. Enquanto o acordo autoriza a concessão de mais de 2,000 hectares de terras públicas à mineradora sem a participação das 600 famílias atingidas, como os do assentamento de reforma agrária, conhecido como PA Ressaca, A IN112 também permite que as áreas de assentamento sejam exploradas para projetos de mineração, hidrelétricas e infraestrutura.

Amazon Watch também esteve presente na Câmara dos Deputados durante um audiência pública convocada pelo Observatório de Mineração e Sinal de Fumaça, para o lançamento do relatório “Pura dinamite: como a política mineral do governo Bolsonaro (2019-2022) montou uma bomba climática e anti-indígena. "

No evento, Amazon WatchA assessora jurídica do Brasil, Ana Alfinito, e a assessora de campanha, Gabriela Sarmet, questionaram representantes da Agência Nacional de Mineração do Brasil sobre o modelo de mineração nacional e denunciaram a mineradora canadense Belo Sun. Enfatizamos a total inviabilidade deste projeto de ouro em uma região já enfraquecida pela hidrelétrica de Belo Monte e questionamos a falácia das promessas da indústria de mineração de se tornar “sustentável”.

Gabriela Sarmet pediu à agência que defina “mineração sustentável”
Ana Carolina Alfinito denuncia Belo Sun

Mais recentemente, publicamos um novo artigo expondo a atuação da Belo Sun com a Aliança Volta Grande do Xingu no revista canadense Caminhada, com sede em Montreal, Quebec. O tema desta edição é a indústria de mineração canadense na América Latina, e é importante devido à relativa escassez de trabalhos acadêmicos sobre o projeto de mineração de Belo Sun.

Continuaremos alertando o mundo sobre a ameaça ecogenocida desse projeto de mineração na região do Xingu. Os riscos envolvidos no projeto Belo Sun Volta Grande são muito grandes, para a Amazônia e para a humanidade. Nosso objetivo é provocar discussões sobre os impactos socioambientais e mobilizar esforços para a preservação da região da Volta Grande do Xingu e da Amazônia como um todo. Juntos, podemos construir um futuro em defesa da vida, pela justiça ambiental e climática!

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