A Caravana da Resposta, composta por mais de 300 representantes de povos indígenas, movimentos sociais e comunidades tradicionais, partirá no início de novembro de Sinop (MT) com destino a Belém (PA), onde ocorrerá a COP30. A data exata da partida está sendo mantida em sigilo devido ao receio de represálias.
O grupo pretende percorrer mais de 3,000 quilômetros para denunciar os impactos do agronegócio na Amazônia e no Cerrado e se opor à construção da ferrovia Ferrogrão – planejada para ligar o norte do Mato Grosso ao Pará.
O anúncio ocorre às vésperas do julgamento do projeto pelo Supremo Tribunal Federal, agendado pelo Ministro Edson Fachin para esta quarta-feira, 1º de outubro. Fachin assumiu a presidência da Corte na segunda-feira, 29 de setembro, e fez deste caso o primeiro item da pauta de seu mandato. O projeto está suspenso desde 2023 por liminar do Ministro Alexandre de Moraes.
Segundo estudos da PUC-Rio em parceria com a Climate Policy Initiative, a ferrovia pode levar ao desmatamento de 49,000 km² de floresta, além de multiplicar por sete o escoamento da exportação de grãos pelo Rio Tapajós. O PSOL questiona na Justiça a legalidade da alteração dos limites do Parque Nacional do Jamanxim (PA) para viabilizar o projeto.
“Não permitiremos que os interesses de grandes corporações, como Cargill e Bunge, destruam nossos rios e florestas. Eles querem transformar nossas casas em um corredor logístico e entregar nossas florestas para lucrar ainda mais com a soja. Defenderemos nossos territórios porque o futuro de todos depende disso”, disse Alessandra Korap, liderança Munduruku que participa da caravana.
Além do caráter de protesto, a jornada busca destacar alternativas agroecológicas e a produção de pequenos agricultores. O trajeto até Belém incluirá um barco que servirá como acomodação coletiva e Cozinha Solidária durante a COP.
A iniciativa é organizada pela Aliança Chega de Soja, criada em 2024 e que reúne mais de 40 organizações e povos tradicionais.





