Lima, Peru - O jornal peruano “La Encerrona” publicou ontem, 5 de julho de 2023, documentos que mostram que Isabel Tafur, atual presidente da Perupetro, empresa estatal responsável pela seleção de operadoras de blocos petrolíferos no Peru, trabalhou em um projeto promovido pela empresa canadense PetroTal, que em 2021 buscou promover a participação do petrolífera no Bloco 8. A Tafur não divulgou laços com a PetroTal, resultando em um suposto conflito de interesses – o último caso de possível corrupção que assola a indústria petrolífera do Peru.
O projeto recebeu o nome de Petroin, uma “empresa de petróleo indígena”, cuja criação foi proposta pelo CEO da sede da PetroTal, localizada em Calgary, Alberta, Canadá. Para a criação do projeto Petroin, foram realizadas reuniões com assessores indígenas e representantes da indústria do petróleo no Peru. Durante o processo, Tafur participou como perito convidado pela Petroin.
Em 2021, Tafur enviou uma carta como representante da Petroin à Perupetro. Na carta, Tafur explicava que a Petroin era parceira da PetroTal e que sua missão era apoiá-la antes de uma eventual outorga do Bloco 8.
Em maio deste ano, a administração da Tafur na Perupetro escolheu a PetroTal (seu ex-sócio) como o candidato mais adequado para o Bloco 8.
A revelação chega em um momento delicado para a PetroTal, que além de ter sido escolhida como principal candidata a operar no Bloco 8, foi a mais comentada candidata aos Blocos 192 e 64, localizados na Amazônia peruana, como sócio da estatal Petroperu.
“Consideramos que, apesar da resposta da PetroTal e de Isabel Tafur, o fato de o presidente da Perupetro ter trabalhado com a PetroTal antes de vencer a licitação, mancha o processo licitatório e diminui a transparência dos resultados da seleção e adjudicação”, disse. Wladimir Pinto, Amazon Watch Conselheiro de Advocacia do Peru.
A parceria PetroTal, empresa que foi questionada por sua atuação no Bloco 95, onde três indígenas morreram após serem baleados pela polícia que vigiava o acampamento petroleiro durante um protesto de comunidades indígenas vizinhas. De acordo com investigações posteriores, os corpos foram encontrados nas instalações do campo e as investigações ainda estão em andamento.
Mais informações sobre o Bloco 95 estão disponíveis aqui.
