Mais de 100 organizações internacionais denunciam os esforços da Belo Sun para criminalizar os defensores da terra brasileiros | Amazon Watch
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Mais de 100 organizações internacionais denunciam os esforços da Belo Sun para criminalizar os defensores da terra brasileiros

A mineradora canadense Belo Sun está tentando construir a maior mina de ouro a céu aberto do Brasil e agora entrou com uma ação criminal contra membros da comunidade local e ativistas que estão se manifestando sobre os impactos ambientais e de direitos humanos do projeto.

16 de fevereiro de 2024 | Para divulgação imediata


Amazon Watch, MiningWatch Canadá e Movimento Xingu Vivo

Para mais informações, contactar:

Viviana Herrera, MiningWatch Canada em viviana@miningwatch.ca (inglês, francês, espanhol) 
Gabriela Sarmet, Amazon Watch em gsarmet@amazonwatch.org (Inglês, Português)
Verena Glass, Movimento Xingu Vivo em veglass@uol.com.br (Inglês, Português)

Hoje, mais de cem organizações canadenses e internacionais publicaram um carta aberta em apoio aos defensores dos direitos humanos e do meio ambiente que estão sendo criminalizados por se manifestarem contra uma proposta de mina de ouro canadense no coração da Amazônia brasileira.

A Belo Sun Mineração, subsidiária integral da Belo Sun Mining Corp., com sede em Toronto, tem como objetivo construir a mina de ouro de Volta Grande, ao longo do rio Xingu, no estado do Pará, norte do Brasil. O projecto está actualmente paralisado, com questões relacionadas com licenças ambientais e conflitos contínuos com as comunidades locais do Xingu, que afirmam que a mineração prejudicaria irreversivelmente a água e a biodiversidade na Amazónia ecologicamente sensível e que a empresa não conseguiu obter o seu consentimento livre, prévio e informado.

Em 17 de outubro de 2023, Belo Sun Mineração entrou com uma ação criminal contra mais de 30 pequenos agricultores, líderes comunitários, defensores ambientais, pesquisadores e representantes de organizações brasileiras e internacionais após uma série de protestos contra a mina e sua aquisição irregular de terras públicas demarcadas para reforma agrária.

Amazon Watch junta-se à MiningWatch Canada e a outras 19 organizações canadenses, incluindo a Fundação David Suzuki e a Rede Canadense de Responsabilidade Corporativa (CNCA), e mais 84 organizações brasileiras e globais para expressar apoio aos defensores criminalizados que enfrentam os esforços para silenciar seu trabalho.

“Vimos empresas de mineração canadenses usarem estratégias legais como essa na tentativa de silenciar o mensageiro”, diz Viviana Herrera, Coordenadora do Programa para a América Latina do MiningWatch Canada. “As comunidades têm o direito de se manifestar para proteger as suas terras dos impactos nocivos da mineração, sem medo de represálias. E as pessoas foram claras: não existe licença social para este projeto. Belo Sun deve respeitar isso.”

“A denúncia apresentada pela Belo Sun representa uma tática de extrema intimidação”, afirma Flavio Montiel, gerente da International Rivers no Brasil. “Todos nós precisamos denunciar esse tipo de ação covarde para que os defensores ambientais possam continuar a liderar o mundo na proteção da Amazônia. A vida depende da Amazônia.”

“É hora do governo canadense, especialmente da ministra das Relações Exteriores, Mélanie Joly, tomar uma posição e denunciar publicamente Belo Sun pelo perigo que representa para a Amazônia e seus habitantes”, diz Gabriela Sarmet, Conselheira de Campanha do Brasil para Amazon Watch. “Devemos suspender todos os empreendimentos mineiros na Amazónia, pois representam ameaças graves e irreversíveis à estabilidade climática global e ao futuro da humanidade.”

Funcionários da International Rivers e Amazon Watch estão entre os citados na ação, além de comunitários locais e lideranças do Movimento Xingu Vivo.

O papel do Canadá

Dado o estatuto da Belo Sun como empresa canadiana, muitos estão a recorrer ao Canadá para controlar o abuso corporativo. As “Vozes em Risco: Diretrizes sobre o Apoio aos Defensores dos Direitos Humanos” do próprio Canadá reconhecem o papel crítico desempenhado pelos defensores dos direitos humanos e do ambiente – muitas vezes em risco significativo para si próprios, para as suas famílias, para as suas comunidades e para as organizações e movimentos que representam. As embaixadas canadianas, no entanto, continuam a prestar apoio diplomático às empresas mineiras canadianas em todo o mundo, acusadas de cometerem violações dos direitos humanos.

“O Canadá deveria emitir uma declaração pública denunciando o uso do sistema legal pela Belo Sun para intimidar e tentar criminalizar organizações brasileiras e internacionais”, continua Viviana Herrera da MiningWatch Canada. “A Embaixada deveria advogar junto ao Tribunal do Estado do Pará para rejeitar a ação e deveria garantir que a Belo Sun respeitasse os desejos das pessoas mais impactadas pela mina proposta.”

BACKGROUND

Da carta aberta: Esta não é a primeira vez que a Belo Sun Mineração Ltda. intimidou organizações da sociedade civil e defensores dos direitos humanos. Em 2022, a empresa ajuizou ação contra um professor universitário que havia exposto os riscos que o Projeto Volta Grande representaria para o Rio Xingu e sua população. Em meados de 2023, a Belo Sun enviou uma notificação extrajudicial à Coordenação Nacional dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), tentando silenciar as denúncias da organização sobre os riscos do projeto de mineração na Volta Grande do Xingu. A notícia veio logo após a divulgação de um relatório sobre Belo Sun pela equipe jurídica da APIB e de uma ação de defesa internacional na ONU, em Genebra, realizada pela Aliança para a Volta Grande do Xingu, coalizão da qual a APIB faz parte. A ação teve como objetivo expor abusos corporativos cometidos por empresas canadenses na Amazônia brasileira e em outros oito países da América Latina e do Caribe.

A Belo Sun pretende estabelecer um grande projeto de mineração de ouro a céu aberto na região do PA Ressaca, às margens do Rio Xingu, com o objetivo de operar a maior mina de ouro do Brasil. O chamado Projeto Volta Grande, se aprovado, impactaria de forma substancial e potencialmente irreversível um território já severamente afetado pela megabarragem de Belo Monte, além de afetar as terras e os modos de vida tradicionais de diversos povos indígenas, assentamentos rurais e comunidades ribeirinhas desta região.

Diversas ações judiciais foram ajuizadas documentando as irregularidades cometidas pela Belo Sun, incluindo a ausência de consultas e consentimento livres, prévios e informados das comunidades indígenas e tradicionais afetadas; a aquisição ilegal de terrenos no PA Ressaca; o assédio e a violação do direito à livre circulação e acesso ao território das comunidades locais; e a falta de competência do estado do Pará para emitir a licença ambiental do projeto. Sua licença está suspensa desde 2017 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Em 11 de setembro de 2023, a emissão foi transferida para a alçada do Ibama, órgão federal.

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