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Demarcação Agora! Movimento Indígena do Brasil Garante Vitórias de Reconhecimento de Terras no Acampamento Anual de Terras Gratuitas

Terra Munduruku Sawré Muybu, lar de Alessandra Munduruku, ganhadora do Prêmio Goldman 2023, é um dos territórios que estão em fase final de demarcação

2 de maio de 2023 | De olho na amazônia

Como nosso Amazon Watch equipe volta para casa vindo da capital do Brasil, estamos comemorando uma grande vitória para os povos indígenas! O presidente brasileiro Lula da Silva anunciou no Free Land Camp deste ano, ou Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília que está reconhecendo formalmente várias Terras Indígenas e cumprindo sua promessa de campanha de “não deixar um único território indígena desprotegido”.

Nossa delegação ATL incluiu nossa coordenadora de mídia social, Dalia McGill, organizadora digital Cinthya Flores, assessora jurídica do Brasil, Ana Carolina Alfinito, assessora de campanha do Brasil, Gabriela Sarmet, e diretora do programa do Brasil, Ana Paula Vargas. Juntos presenciamos esse momento histórico no maior encontro indígena do Brasil. 

O tema da ATL deste ano foi Demarcação Já, ou “Demarcação Agora!” Demarcação é o processo do governo brasileiro para o reconhecimento formal e titulação de terras indígenas. O anúncio de seis Terras Indígenas por Lula marca um marco histórico na resistência indígena pelo pleno respeito e reconhecimento dos direitos indígenas, autodeterminação e governos autônomos. 

Agora, um dos territórios indígenas que entra na fase final do processo de demarcação é Sawré Muybu, a terra indígena Munduruku vencedora do Prêmio Goldman 2023 Alessandra Munduruku e sua comunidade têm trabalhado para serem formalmente reconhecidos por décadas. Esta é uma grande vitória dos povos indígenas, da Amazônia e do nosso clima!

Para inspirar nosso movimento a celebrar e permanecer energizado em direção a uma Amazônia permanentemente protegida, estamos compartilhando fotos e citações de líderes indígenas da ATL com os quais tivemos o privilégio de nos conectar. Serra! 

Foto: @ramona_onija

“O compromisso dos povos indígenas é um compromisso com a vida. Não se fala em futuro se não for um futuro 'ancestral'. Em outras palavras, nossa ancestralidade deve fazer parte de nosso futuro. Nossa sabedoria e conhecimento devem fazer parte do futuro. Somos os melhores protetores da floresta. Não sou eu que estou dizendo isso, as Nações Unidas estão dizendo isso. Nós, povos indígenas, representamos 5% da população mundial, mas protegemos 82% de toda a biodiversidade. Então, se a floresta ainda está de pé, é graças à presença dos povos indígenas. E hoje, esta é a missão mais importante do nosso planeta. Porque é uma missão que garante não só a nossa vida, mas garante a vida de todas as pessoas. E não há florestas em pé, não há povos indígenas sem nossos territórios protegidos e demarcados. Por isso estamos aqui nessa luta pedindo e exigindo a demarcação agora!”

Txai Suruí, ativista do povo Paiter Suruí e coordenador do movimento da juventude indígena de Rondônia
Foto: @ritaoenning

“Lula prometeu aqui no ATL do ano passado retomar a demarcação de terras. Acreditamos nele e por isso aceitamos assumir o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Mas não nos iludamos que agora a luta será fácil. O Congresso brasileiro está cheio de políticos conservadores e anti-indígenas. Já são sete medidas apresentadas no Congresso para tentar destruir o Ministério dos Povos Indígenas e tirar a demarcação de terras da alçada do MPI e devolvê-la ao Ministério da Justiça. A terra continua sendo o principal objeto de disputa pelo poder político e pelo poder econômico. Mas continuamos atentos e organizados. Não resolveremos 523 anos de destruição em quatro anos, mas seguiremos em frente!”

Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil
Foto: @joseruigaviao / Ya Gavião

“Nós, lideranças indígenas, perdemos nossa liberdade. Não temos mais liberdade de andar em nosso território porque somos ameaçados. Hoje estamos aqui [no ATL], mas nossa luta acontece em todos os lugares: em nossos territórios, em Brasília e internacionalmente. Alessandra Munduruku acaba de receber um prêmio nos Estados Unidos porque lutou contra a mineração conosco, ela nos representa. Não é fácil ser mãe, ser lutadora, ser protetora de nossos territórios. Essa luta nunca será fácil, mas essa luta sempre será assim, a resistência sempre será assim, e a demarcação de nossos territórios sempre será assim. Mas isso nos inspira, porque sabemos cuidar de nossos territórios, sabemos cuidar de nossas crianças, sabemos cuidar de nossas comunidades. 

Estamos resistindo há tanto tempo, contra as invasões, contra a mineração, contra o Bolsonaro. Estamos aqui dizendo que não aceitamos a invasão do nosso território. Continuaremos monitorando nossas terras enquanto eles continuam nos atacando. Somos contra todos esses empreendimentos de morte que estão matando o povo Munduruku... Não importa se o território está demarcado ou não, o território é nosso! Não podemos ficar esperando o governo, precisamos cuidar das nossas terras. O território não é do governo, é nosso. Mesmo que agora haja indígenas no governo, devemos continuar resistindo. Devemos deixar claro que não vamos recuar. Hoje estamos aqui no Acampamento Terra Livre com uma grande delegação de mulheres e crianças, mostrando nossa resistência”.

Maria Leusa Munduruku, líder do povo Munduruku
Foto: Matheus Carvalho / @militantecansado

“É fundamental descolonizar a visão colonial de quem é o índio. Devemos ir além do estereótipo do selvagem que não deveria estar ocupando esses espaços, também temos que entender as pluralidades que existem dentro de nossas comunidades. Precisamos lutar contra o racismo e a LGBTQ-fobia diariamente. Pode ser muito difícil falar sobre essas duas identidades no mundo de hoje. Se não correspondemos ao estereótipo de como deveria ser um indígena, imagine o que acontece quando nos apresentamos também como membros da comunidade LGBTQ. Experimentamos o dobro do preconceito, de certa forma, que passa por nossos corpos e nos impacta de várias maneiras.”

Danilo Tupinaky'îa, membro do coletivo TYBYRA e secretário executivo da APIB
Foto: Raissa Azeredo @raissaazeredo @aldayaorg

"O julgamento [do Supremo Tribunal Federal] sobre o Prazo não impactará apenas os povos indígenas no Brasil. Acima de tudo, é um julgamento que impactará o clima global. As terras indígenas são responsáveis ​​pela proteção da biodiversidade do nosso mundo. Quando o estado brasileiro demarca menos terras indígenas, essa proteção fica ameaçada. Os impactos desse julgamento impactarão a vida de todos no planeta, visto que estamos em uma emergência climática. Nós, povos indígenas, estamos unidos aqui porque somos os primeiros ativistas climáticos antes mesmo de esse movimento ser chamado de justiça climática. Sempre fomos responsáveis ​​pela proteção desses territórios. Todos que ouvem esta mensagem devem se preocupar com o que está sendo discutido neste país. A sociedade global deve se mobilizar para que possamos enviar uma mensagem ao Supremo Tribunal Federal para rejeitar a Prazo. "

Mauricio Terena, coordenador jurídico da APIB
Foto: @kauescarim

Esperamos que você se junte a nós para comemorar este importante marco e reconhecer que estamos a passos mais próximos da proteção permanente da Amazônia. Sua solidariedade foi essencial nesta vitória e continuará sendo vital enquanto trabalhamos para garantir o reconhecimento formal de todas as terras indígenas em toda a Amazônia contra políticas e ameaças como a Prazo, ou “truque de limite de tempo” no Brasil. Os Defensores da Terra precisam de nós para manter a pressão! Rumo à próxima vitória.

Você pode apoiar a mídia liderada por indígenas em eventos como o ATL contribuindo para GoFundMe da Mídia Indígena.

Foto: Raissa Azeredo @raissaazeredo @aldayaorg

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