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Bolsonaro perde a presidência em vitória para a Amazônia!

O mundo está comemorando a eleição apertada dos brasileiros para Lula, em uma vitória para a Amazônia, povos indígenas e valores democráticos

1 de novembro de 2022 | Camila Rossi | De olho na Amazônia

Brasileiros comemoram vitória de Lula em São Paulo. Crédito da foto: Mídia Ninja

“Esta é uma vitória do amor, da esperança, da verdade, da liberdade e da nossa frágil democracia que agora se fortalece.”

Sonia Guajajara, congressista eleita

Na eleição mais importante para o planeta, que definiu o futuro da Amazônia e, portanto, de toda a humanidade, quase 51% dos brasileiros escolheram a democracia e elegeram Luiz Inácio Lula da Silva, pondo fim ao pesadelo vivido nos últimos quatro anos sob Bolsonaro. A sociedade civil, as comunidades indígenas e o movimento ambientalista estão celebrando uma esperança renovada para a Amazônia e nosso clima.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) comemorou e divulgou o seguinte comunicado: 

“Queremos continuar nossa luta de forma autônoma, em defesa de nossos direitos, protegendo nossas conquistas, por exemplo, o reconhecimento de nosso direito à terra e sistema de saúde, conquistado com muita luta em governos anteriores. Exigimos total respeito aos nossos direitos fundamentais, nossa vida e dignidade, no marco de uma nova relação com o governo brasileiro – não mais ódio, não mais política genocida – mas multiétnica e multicultural e ética. O país ainda tem muitas dívidas a pagar devido à história de violência e morte, física e cultural, que durante séculos vitimizou nossos povos e comunidades.”

Líder indígena e primeira deputada indígena do Brasil, Joenia Wapichana descreveu a vitória como “um voto histórico para nossa democracia. Parabéns aos que aceitaram o convite para reconstruir o nosso Brasil. O amor venceu o ódio. Viva a democracia!”

A deputada eleita Célia Xakriabá comemorou a vitória de Lula e compartilhou: “Por um Brasil decente para todo nosso povo. Para o meio ambiente. Pelos povos indígenas e pelo fim desse pesadelo de destruição!”

Em seu primeiro discurso após os resultados das eleições, Lula reafirmou seu compromisso com a Amazônia, os povos indígenas e a defesa do meio ambiente.

“Agora vamos lutar pelo desmatamento zero na Amazônia. O Brasil e o planeta precisam da Amazônia viva! Uma árvore em pé vale mais do que milhares de madeira ilegal extraída ilegalmente em nome do lucro fácil que custa a deterioração do planeta. Um rio com água limpa vale muito mais do que todo o ouro extraído com mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana. Quando uma criança indígena morre, assassinada pela ganância de predadores ambientais, uma parte da humanidade morre com ela. Por isso, retomaremos o monitoramento e fiscalização da Amazônia e combateremos toda e qualquer atividade ilegal, seja mineração, extração de madeira ou pecuária imprópria. Ao mesmo tempo, promoveremos o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.”

Não só a floresta pode agora respirar de alívio, mas também os povos indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombolas. Ainda há muito a ser feito para reverter a grande destruição causada pelo governo Bolsonaro. Este foi um voto crítico para parar o desmatamento e a degradação da Amazônia, que avançou dramaticamente ao ponto de não retornar sob Bolsonaro. 

Neste momento, é importante que permaneçamos firmes em nossa solidariedade para deter as invasões, violência e mineração ilegal em territórios indígenas, e que amplifiquemos as vozes indígenas, mantendo a pressão sobre o governo para garantir seus direitos fundamentais. Lula também precisará agir com firmeza para salvaguardar uma agenda socioambiental e climática, capaz de posicionar o Brasil como líder que já foi no cenário internacional.

Faltam dois meses para o governo Bolsonaro no poder. Lula deve usar o poder político conquistado nas urnas para pressionar o Congresso a impedir a votação de projetos de lei que buscam avançar nos ataques à floresta e aos povos indígenas. Sob Bolsonaro, a Fundação Nacional do Índio Brasileiro (FUNAI) foi mal direcionada e, em alguns casos, até armada contra as pessoas que foi projetada para servir. Lula deve cumprir sua promessa de estabelecer um Ministério de Assuntos Indígenas e reconstruir a aplicação dos direitos indígenas pelo governo. A violência na Amazônia deve se acelerar nestes últimos meses do governo Bolsonaro, é preciso estar atento e pronto para denunciar e combater todos os crimes.

O Brasil também é fundamental na luta contra as mudanças climáticas, agora está voltando aos trilhos para se tornar parte da solução. Como um dos sextos maiores países emissores de gases de efeito estufa do mundo, Lula já se manifestou disposto a garantir que o Brasil aumente seu compromisso com o Acordo de Paris.

A vitória de Lula é um sinal de esperança para a Amazônia, os povos indígenas e o futuro do planeta. Diante do desmantelamento da Funai por Bolsonaro, Lula prometeu criar um Ministério dos Assuntos Indígenas liderado por um líder indígena. As lideranças indígenas brasileiras Sonia Guajajara e Célia Xakriabá foram eleito para a câmara baixa do Congresso e terão um papel essencial na defesa dos seus direitos. 

Amazon Watch parabeniza o povo do Brasil por esta vitória democrática. Devemos apoiar as comunidades indígenas para que este novo governo cumpra a sua promessa de ser justo, ambientalmente responsável e socialmente comprometido. Agora é o momento de aumentar a pressão e exigir responsabilização pela destruição da Amazónia como nunca antes. A porta presidencial está aberta para cumprirmos nossos objetivos de campanha e a proteção permanente da Amazônia. Estamos prontos para colaborar nas discussões democráticas e também para criticar e pressionar o futuro governo sempre que a Amazônia e os direitos e vidas dos povos indígenas estiverem em jogo. 

Viva a democracia brasileira, a Amazônia e os povos indígenas do Brasil!

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