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“Colorindo” o Movimento Indígena do Brasil

Comunidade indígena LGBTQ+ no Brasil reivindica seu espaço no Free Land Camp deste ano

5 de julho de 2022 | Dália McGill | De olho na Amazônia

“Um dos objetivos do nosso manifesto é dar visibilidade às formas não normativas de sexualidade e gênero no contexto indígena, pois a falta de representação causa estranhamento e não reconhecimento e, consequentemente, abre espaço para repressão contra nós.” 

Manifesto do Movimento Indígena LGBTQ+ do Brasil

A visibilidade como meio para o empoderamento. Esse é um dos objetivos que o movimento Indígena LGBTQ+ no Brasil busca ao trazer sua agenda para o centro do palco do Acampamento Terra Livre deste ano em Brasília. Organizado por APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), a Acampamento Terrestre Gratuito é o maior encontro indígena do Brasil e, pela primeira vez na história, os participantes realizaram um plenária dedicada à agenda LGBTQ+. Integrantes do movimento de todas as regiões do Brasil se reuniram no palco para apresentar o manifesto deles, intitulado “Colorindo a luta em defesa do território”, e clamava pelo reconhecimento e respeito por sua existência. 

“Levando em conta a realidade do Brasil, o país que mais mata pessoas trans no mundo, falar sobre a existência de corpos indígenas LGBTQ+ e denunciar a dupla violência que sofremos diariamente é falar sobre sobrevivência.”

Manifesto do Movimento Indígena LGBTQ+ do Brasil

O Brasil tem alguns dos maiores índices de violência contra pessoas LGBTQ+ do mundo, e é o país com o maior número de assassinatos de pessoas trans. Os povos indígenas no Brasil também estão experimentando crescentes índices de violência, em grande parte devido ao governo Bolsonaro. O atual presidente do Brasil fez seu desrespeito aos povos indígenas e sua homofobia em relação à comunidade LGBTQ+ claro desde o início. Ele prometeu que sob sua administração, nem um único centímetro de terra indígena seria titulado. Ele apoiou projetos de lei que abririam territórios indígenas para atividades extrativistas, como mineração – territórios que atualmente são protegido pela constituição brasileira. Bolsonaro deu autorização implícita para a violência contra os povos indígenas e a invasão de suas terras, ameaçando constantemente sua existência e mostrando que o governo brasileiro não os protege, mas sim apoia e defende o genocídio contínuo dos povos indígenas. É nesse contexto que os indígenas LGBTQ+ se encontram em uma posição de dupla vulnerabilidade. 

“O racismo é um obstáculo enfrentado pelos indígenas, isso é um fato. Quando os indígenas pertencem à comunidade LGBTQ+, outro marcador social, a estigmatização aumenta.”

Manifesto do Movimento Indígena LGBTQ+ do Brasil

Em 1614, o Brasil registrou seu primeiro assassinato de uma pessoa devido à sua identidade LGBTQ+. Tupinambá Tibira era um indígena maranhense, condenado à morte após a chegada dos colonizadores franceses no norte do Brasil. “A morte do Tupinambá Tibira marca o início das tentativas de aniquilar nossos corpos, e isso se reflete ainda hoje na violência cotidiana que nós, indígenas LGBTQ+, sofremos dentro e fora de nossas comunidades”, diz o manifesto do movimento. A homofobia tem raízes coloniais, é um conceito que os colonizadores introduziram no Brasil e em outros países colonizados. Ativistas nos lembram hoje que, segundo a memória e a história indígena no Brasil, antes do colonialismo, “território indígena era queer”. 

“Reunimos diferentes povos do Brasil e compartilhamos nossas vozes no Acampamento Terra Livre 2022, para nos unirmos à luta por território, dignidade e proteção de nossos corpos. Até o momento, fomos silenciados e invisibilizados, mas estamos aqui reunidos para compartilhar nossas demandas, quebrar as correntes que nos prendem, trazer o som de nossas maracas e tambores, gritar por liberdade e afirmar que nossa luta caminha em sintonia com o movimento indígena como um todo. Declaramos que estamos juntos na luta com nosso povo, lideranças e organizações pela demarcação de nossos territórios e respeito às nossas tradições, lutando contra qualquer tipo de retrocesso, retirada de direitos e tentativas de dominação sobre os povos indígenas neste território que nos foi tirado.”

Manifesto do Movimento Indígena LGBTQ+ do Brasil

O movimento Indígena LGBTQ+ no Brasil conquistou seu espaço no Acampamento Terra Livre deste ano, colorindo o acampamento com bandeiras do arco-íris e apresentando um manifesto pedindo respeito por sua existência. Eles revelaram que sua luta está alinhada com a luta do movimento indígena geral, pois ambos lutam em defesa de seus corpos e territórios. E nos mostraram que agir em defesa dos direitos indígenas é rejeitar a colonização em todas as suas formas, inclusive o preconceito contra a comunidade LGBTQ+. Para proteger e defender a Amazônia, devemos assumir a liderança e colorir esse movimento com suas histórias, estratégias e história. Junte-se a nós para levantar e centralizar esta agenda para a Amazônia!

Para saber mais sobre o movimento Indígena LGBTQ+ no Brasil, você pode seguir Coletivo Tibira e os votos de Coletivo Caboclas No instagram!

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