Desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips demonstra impunidade sob Bolsonaro | Amazon Watch
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Desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips demonstra a impunidade concedida a atividades ilícitas sob Bolsonaro

14 de junho de 2022 | Ana Carolina Alfinito e Camila Rossi | De olho na Amazônia

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O comovente desaparecimento do defensor dos direitos indígenas brasileiros Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips revelou mais uma vez que sob Bolsonaro a Amazônia foi entregue a redes e indústrias ilícitas. A apropriação ilegal de terras, o roubo de madeira, a caça e a pesca proibidas e o tráfico de drogas e armas não apenas estão aumentando, mas avançando profundamente na floresta. Indígenas, ambientalistas, defensores dos direitos indígenas e jornalistas tornaram-se faróis de resistência na sociedade brasileira, mas também alvos daqueles encorajados por Bolsonaro desde sua campanha à presidência.

A rede criminosa só se fortaleceu sob sua administração, ameaçando os defensores da floresta de todas as formas. Os crimes cometidos ficam impunes e aqueles que tentam criar uma aparência de justiça são retaliados. Em 2019, o oficial de proteção ao índio, Maxciel Pereira dos Santos, que trabalhava na Fundação Nacional do Índio (FUNAI) com Bruno Pereira no Vale do Javari, foi morto na frente de sua família. Os assassinos nunca foram responsabilizados. Depois, os criminosos continuaram a ameaçar Pereira em plena luz do dia na frente de outras pessoas. Aqueles que testemunham ameaças contra os Defensores da Terra no Brasil de Bolsonaro não encontraram para onde se virar.

Bruno Pereira foi afastado de seu cargo na FUNAI como coordenador do Departamento de Povos Indígenas Isolados e Recentemente Contatados no que foi visto como uma ação “politicamente motivada” logo após a chegada do presidente de extrema-direita Bolsonaro ao poder. Sua demissão no final de 2019 ocorreu logo depois que sua equipe ajudou destruir mais de 60 barcaças de mineração ilegais que operam na região amazônica, uma das maiores conquistas ambientais contra os garimpeiros ilegais. Pereira deixou a FUNAI para continuar cumprindo sua missão de defender os direitos dos povos indígenas e defender uma política de não contato com grupos indígenas isolados. “Bruno era um grande guerreiro, era um homem que batia no peito e dizia: 'Eu vou te defender, eu vou ficar'”, afirmou o líder indígena Koká Matis, cacique da Aldeia Paraíso, no Vale do Javari.

O que aconteceu com Bruno Pereira e Dom Phillips é a ponta do iceberg da resposta do governo brasileiro aos crimes na Amazônia e à violência cometida contra os povos indígenas. Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro militarizou posições-chave da FUNAI, expurgou funcionários comprometidos com a proteção da floresta e reduziu a fiscalização. A falta de resposta urgente ao desaparecimento de Bruno e Dom não é por falta de recursos, é por um desmantelamento sistemático de todos os programas de direitos humanos e proteção ambiental ao longo do tempo. 

Bolsonaro intensificou bomba-relógio desde que se tornou presidente, cumprindo sua promessa de não demarcar ou titular um centímetro a mais de terra indígena. Povos e organizações indígenas vêm alertando sobre os crimes que ocorrem na Amazônia há muito tempo, mas muitos de nós nos apegamos à ilusão de que aqueles que vêm de fora estão seguros. Mas agora, Bruno e Dom são vítimas, talvez não nas mãos de Bolsonaro diretamente, mas definitivamente como resultado de suas palavras e políticas. Infelizmente, eles não são os únicos. Basta olhar para a Amazônia, para os guardiões da floresta, e reconhecer o peso da violência e das violações de direitos que eles carregaram nos últimos anos.

Quando questionado sobre o desaparecimento, Bolsonaro foi insensível e desdenhoso. Ele culpou Phillips e Pereira, dizendo que eles não deveriam estar lá em uma “aventura”. Mas reportar em campo não é uma aventura. Defender os direitos indígenas não é uma aventura. Como a jornalista Lucy Jordan dito no Guardian sexta-feira passada: “É um serviço público. É um imperativo moral. Um que este governo tornou ainda mais necessário e ainda mais perigoso. E é por isso que defensores e repórteres – pessoas corajosas e gentis como Phillips e Pereira – continuarão assumindo esses riscos. E por que devemos continuar responsabilizando o governo.” 

Continuaremos exigindo uma investigação completa sobre o desaparecimento deles até que sejam encontrados. Todos nós precisamos continuar seu trabalho, defendendo a restauração dos sistemas e instituições responsáveis ​​pelo cuidado e proteção da Amazônia. A Amazônia pertence a si mesma e é nossa responsabilidade defender seus protetores.

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