BlackRock, vanguarda entre os financiadores que investiram bilhões em empresas de mineração em territórios indígenas amazônicos | Amazon Watch
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BlackRock, vanguarda entre os financistas que despejaram US$ 14.8 bilhões em mineradoras com interesses em territórios indígenas da Amazônia

Novo relatório da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e Amazon Watch revela que os principais investidores de oito grandes mineradoras notórias por violações de direitos humanos e poluição ambiental, incluindo Vale, Anglo American e Belo Sun, desejam explorar territórios indígenas no Brasil.

22 de fevereiro de 2022 | Para divulgação imediata


Amazon Watch e APIB

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Vista aérea do complexo S11D, a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, controlada pela Vale, na região de Carajás, no estado do Pará. Crédito da foto: Ricardo Teles/Agência Vale

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Brasília, Brasil – Hoje a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ao lado de organização ambientalista e de direitos humanos Amazon Watch, Lançado Cumplicidade na Destruição IV: Como mineradoras e investidores internacionais promovem violações de direitos indígenas e ameaçam o futuro da Amazônia. Esta pesquisa é a primeira compilação de estudos de caso que expõem os riscos de atores internacionais de potencialmente financiar interesses de mineração ilegal em Terras Indígenas – como Xikrin do Cateté, Waimiri Atroari e Sawré Muybu – na Amazônia brasileira. As corporações sediadas nos EUA continuam sendo alguns dos principais financiadores cúmplices dessa destruição. Junto, Capital Group, BlackRock e Vanguard investiram US$ 14.8 bilhões nas nove empresas investigadas devido à sobreposição de seus pedidos de pesquisa em terras indígenas e histórico de violações de direitos.

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“Enquanto lutamos para garantir nosso direito à vida, tanto em nossos territórios quanto no mundo, o governo brasileiro e as mineradoras tentam avançar em um 'projeto de morte'. Não podemos continuar convivendo com atividades que obrigam os povos indígenas a lamentar o assassinato cotidiano de nossos parentes, ou a testemunhar a destruição dos biomas que guardamos, para dar lugar a projetos que não geram nenhum desenvolvimento real, mas apenas destruição e lucros para um punhado de indivíduos”, diz Sonia Guajajara, da coordenação executiva da APIB.

Cumplicidade na Destruição IV revela que nos últimos cinco anos, Vale, Anglo American, Belo Sun, Potássio do Brasil, Mineração Taboca e Mamoré Mineração e Metalurgia (ambas do Grupo Minsur), Glencore, AngloGold Ashanti e Rio Tinto recebeu um total de US$ 54.1 bilhões em financiamentos de investidores norte-americanos, brasileiros e internacionais. As empresas perfiladas compartilham um histórico de violações de direitos humanos e ambientais e um interesse duradouro em expandir suas operações para territórios indígenas – onde atualmente a mineração é ilegal.

“Deve haver um entendimento geral de que essas áreas não estão disponíveis para exploração mineral, nem deveriam estar, tanto porque deve haver respeito ao nosso direito constitucional de autodeterminação como povos indígenas sobre nossos territórios, quanto pela importância de nossas terras no combate às mudanças climáticas e na garantia da vida no planeta. O mesmo vale para territórios tradicionais e outras áreas de preservação. Esse entendimento deve partir do governo brasileiro, mas também das empresas – que têm plena capacidade de saber proativamente em quais áreas estão solicitando – e das sociedades financeiras que as financiam”, completa Dinaman Tuxá, da coordenação executiva da APIB.

As instituições brasileiras também detêm uma participação substancial no financiamento de grandes mineradoras: ANTERIOR (Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) detém os maiores investimentos nessas mineradoras, com mais de US$ 7.4 bilhões, seguido pelo banco privado Bradesco, com quase US$ 4.4 bilhões de dólares, Fundo Econômico Federal, com US$ 786 milhões. Bancos privados internacionais também se destacam por seus investimentos nessas empresas, incluindo Crédit Agricole (França), Bank of America e Citigroup (EUA), Commerzbank (Alemanha) e SMBC Group (Japão). Todos esses atores financeiros são cúmplices da destruição causada pela mineração.

“A pandemia do COVID-19, em vez de paralisar as indústrias extrativas, na verdade levou o setor de mineração a quebrar recordes de lucro nos últimos dois anos. Esses bancos e gestores de ativos ainda acreditam que investir em mineração é 'bom' para os negócios, ignorando o extenso histórico de violações e impactos causados ​​por esse setor. Embora muitos financiadores tenham sido apresentados em edições anteriores do relatório, esta nova edição demonstra a urgência com que eles precisam se comprometer com mudanças reais para interromper a trilha destrutiva da mineração. Seu risco e exposição estão apenas crescendo”, diz Rosana Miranda, Assessora de Campanha da Amazon Watch.

A empresa que mais recebeu investimentos e empréstimos nesse período foi a Vale, com US$ 35.8 bilhões, mostrando que nem mesmo os sucessivos desastres nas cidades de Mariana e Brumadinho reduziram o apetite dos investidores pela mineradora. Os dados, obtidos com o apoio da instituição holandesa Profundo Research and Advice, também mostram o interesse do Canadá em financiar a mineração no Brasil. O Royal Bank of Canada, o maior banco privado do país, injetou US$ 512 milhões em mineradoras e é o principal investidor institucional do projeto de mineração de ouro de Volta Grande, por Mineração Belo Sun, o que é considerado social e ecologicamente inviável.

Mineradoras mantêm candidaturas ativas para explorar terras indígenas

Cumplicidade na Destruição IV revela que, apesar das recentes declarações de grandes mineradoras alegando que abandonariam seus interesses em territórios indígenas no Brasil, milhares de pedidos de mineração sobrepostos a essas áreas ainda estão ativos no banco de dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). A abertura de terras indígenas para mineração e prospecção continua no centro da agenda de Bolsonaro. Com o avanço de políticas federais como o Projeto de Lei 191/2020 e o Projeto de Lei 490/2007 no Congresso, esses pedidos servem para conceder às mineradoras prioridade para explorar esses territórios caso os projetos tenham êxito.

“Os danos ambientais e as ameaças à vida dos povos da floresta pelas atividades de mineração são brutais e só pioraram no governo Bolsonaro. No ano passado, o desmatamento relacionado à mineração na Amazônia aumentou 62% em relação a 2018 – ano em que foi eleito. Sabemos que a aprovação do Projeto de Lei 191 pode causar a perda de 16 milhões de hectares da floresta amazônica. Com a floresta tropical no ponto de inflexão do colapso ecológico, precisamos envolver todos os atores por trás dessa indústria. Governos, empresas e investidores devem ser responsabilizados e impedir essa destruição. Se as empresas não agirem, os investidores devem desinvestir”, diz Ana Paula Vargas, Diretora do Programa Brasil da Amazon Watch.

Após o lançamento do Cumplicidade na Destruição III, APIB e Amazon Watch começamos a mapear os interesses das grandes mineradoras que se sobrepõem às terras indígenas em 2020. Apesar das declarações de gigantes como Vale e Anglo American, alegando que retirariam seus pedidos de pesquisa e exploração mineral nesses territórios, nossa pesquisa mostra que muitos pedidos permanecem ativos nas áreas da ANM. sistema – em alguns casos, houve até aumento no número de solicitações. Além disso, algumas solicitações foram reapresentadas para que as áreas de exploração permanecessem diretamente adjacentes às terras indígenas, ainda causando enorme impacto.

O relatório enfoca os interesses minerários em terras indígenas de nove empresas: Vale, Anglo American, Belo Sun, Potássio do Brasil, Mineração Taboca/Mamoré Mineração e Metalurgia (ambas do Grupo Minsur), Glencore, AngloGold Ashanti e Rio Tinto. Juntos, em novembro de 2021, eles tinham um total de 225 aplicações de mineração ativas sobrepondo 34 Terras Indígenas – uma área que corresponde a 5,700 quilômetros quadrados ou mais de três vezes a cidade de Londres.

As terras indígenas mais afetadas por essas aplicações são Xikrin do Cateté (PA), Waimiri Atroari (AM) e Sawré Muybu (PA). A maior parte das aplicações está concentrada no estado brasileiro do Pará, que dobrou entre julho e novembro de 2021. Os dados foram obtidos por meio de uma parceria com o projeto Mined Amazon, do portal InfoAmazonia, que resultou em um painel interativo — lançado em conjunto com o relatório — permitindo pesquisas em tempo real no banco de dados ANM.

Cumplicidade na Destruição IV também detalha os impactos e violações de direitos realizados pelas mineradoras Vale, Anglo American, Belo Sun, Potássio do Brasil e Mineração Taboca em cinco estudos de caso. Com o apoio do Observatório de Mineração, foi traçado o histórico desses conflitos e seus desdobramentos atuais, que vão desde a invasão de territórios tradicionais, contaminação por metais pesados ​​e desrespeito ao direito à consulta e ao consentimento livre, prévio, informado. Por meio de depoimentos das comunidades afetadas, que contestam as declarações oficiais das empresas sobre suas iniciativas, o relatório mostra como a presença e a atuação dessas corporações alteram para sempre a vida desses povos e comunidades. A mineração na Amazônia, especificamente nas comunidades indígenas, também pode destruir ecossistemas e contribuir para as mudanças climáticas. Para acessar o relatório completo, vídeos e o painel da Mined Amazon, visite cumplicityindestruction.org.

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