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Voando sobre a Amazônia em chamas

12 de outubro de 2021 | Ana Paula Vargas | De olho na amazônia

Em parceria com aliados brasileiros – Observatório do Clima e Greenpeace Brasil – Amazon Watch organizou um voo sobre a floresta amazônica com especialistas e jornalistas importantes para expor incêndios, desmatamento, mineração ilegal e pecuária em setembro. Esta iniciativa foi fundamental para a nossa campanha de Cessar-Fogo na Amazônia e os resultados chocantes do sobrevôo ajudaram o projeto a evoluir para a Aliança Amazônia em Chamas, fortalecendo nossa crença de que a proteção da Amazônia deve ser um esforço coletivo.

Entre 14 e 17 de setembro, sobrevoamos Rondônia e o sul do Amazonas, região considerada a “nova fronteira do desmatamento na Amazônia”. Fomos acompanhados por artistas brasileiros, CNN International, Agence France-Presse (AFP), China Global Television Network (CGTN) e as mídias brasileiras O Globo e Globo TV.

Infelizmente, como esperado, documentamos destruição maciça cercada por imensas áreas de floresta tropical intacta. Embora dados oficiais indiquem uma redução no número de incêndios em setembro devido às chuvas inesperadas, dados dos meses anteriores confirmam que a destruição esta temporada foi maior do que em 2020. O que vimos de cima foi a floresta tropical obscurecida pela fumaça e destruída por incêndios criminosos e ganância desenfreada.

A primeiras imagens foram lançados para coincidir com o discurso do presidente Bolsonaro na 76ª Assembleia Geral da ONU em 21 de setembro, vividamente contradizer mentira que sob seu governo a Amazônia experimentou “uma redução de 32% no desmatamento no mês de agosto em relação a agosto do ano anterior”.

O presidente do Brasil usou números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que apontavam para uma taxa de desmatamento de 918 quilômetros quadrados em agosto. O número é quase o dobro do registrado em agosto de 2018, antes de o governo Bolsonaro chegar ao poder. No entanto, dados da instituição de pesquisa brasileira Imazon - que monitora as áreas desmatadas por satélite - aponta para 1,606 quilômetros quadrados de desmatamento em agosto, um aumento de 7% em relação ao mesmo mês de 2020. Também é a maior taxa para agosto em uma década, segundo imagens de satélite do Imazon.

As imagens mostraram grandes áreas de floresta tropical desmatada que já haviam sido consumidas por incêndios em julho e cicatrizes profundas de atividades de mineração em áreas protegidas, junto com pistas de pouso ilegais, grandes terrenos sendo preparados para plantio e gado pastando ao lado de incêndios recentes. Em Porto Velho, avistamos enormes áreas desmatadas para o cultivo de grãos, atividade que está se consolidando cada vez mais no norte de Rondônia e foi introduzida recentemente no sul do Amazonas, ao lado do plantio de soja.

Vimos todas as etapas do processo de desmatamento uma após a outra. A extração de madeiras de alto valor, seguida da queima da vegetação para o cultivo de pastagens e, em seguida, rebanhos de gado ocupando áreas que até recentemente eram cobertas por floresta intacta. Durante a fase in loco da investigação, nossa equipe passou por Candeias do Jamari, o segundo município mais desmatado de Rondônia entre agosto de 2020 e julho de 2021, atrás apenas de Porto Velho. Havia inúmeras serrarias e incontáveis ​​caminhões carregados com toras gigantes e gado pastando ao lado de áreas recentemente queimadas.

No governo Bolsonaro, o Amazonas ultrapassou Rondônia como o terceiro estado com pior nível de desmatamento, segundo o sistema Prodes do INPE. Segundo dados do Programa Queimadas do INPE, de janeiro a meados de setembro de 2021, ocorreram aproximadamente 12,000 mil focos de calor no estado do Amazonas. Só em agosto, foram registrados 8,588 focos no estado, superando o recorde do mesmo mês de 2020, que, por sua vez, já havia superado o de 2019. Lábrea é a área mais crítica do país, com 2,959 focos de calor em 2021. Porto Velho é o segundo município em número de incêndios, com 2,700 focos de calor.

Ações de reconhecimento estratégico e coordenado para punir esses incendiários e grileiros são cada vez mais necessárias e críticas. Órgãos de fiscalização, como a Agência Ambiental Federal do Brasil, precisam recuperar sua capacidade de agir. A perda do estado do Amazonas, uma das áreas mais protegidas da floresta amazônica, pode nos empurrar para o ponto crítico da floresta. Esta é nossa última chance de deter a destruição e não podemos permitir que o governo Bolsonaro a encubra. Continuaremos avançando em nossa missão de denunciar a contínua destruição criminosa da Amazônia e ser solidários com as comunidades indígenas, verdadeiras protetoras da floresta tropical.

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